A minha terra
A minha terra
é este sentir
que vive e que chora
que sente e resiste.
É um corpo nu
esquecido no monte
que grita o silêncio
de quem vai partir.
Rosto maduro
histórias antigas
anda pelo mundo
nos filhos que tem.
Dança cantigas
como um desafio
aos campos que agora
não têm ninguém.
Mas guarda consigo
a chama da vida
lançando sementes
em cada partida
que um dia mais tarde
será certamente
a minha terra com toda a gente.
A minha terra
é a força viva
de uma natureza
sempre a renascer.
Nos rostos queimados
repousa a esperança
desta minha gente
que não quer morrer.
Na alma dorida
conserva a memória
dos filhos lá longe
que querem voltar.
Esta terra linda
é um cais do mundo
que aguarda um barco
para festejar.
(F. Lopes, in “No Tempo das Palavras”, 2003)
Este poema foi escrito por um senhor da minha terra, tem já 3 livros editados e um quarto a caminho,provavelmente a publicar ainda em 2009.